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  • Carlos Alberto Borgneth

“HIPERMETROPIA” PODE MATAR !

Pequenos detalhes, vistos isoladamente, podem parecer insignificantes.

Mas, quando agem em conjunto, podem destruir a cultura e o desempenho de

toda uma organização.

Temos observado, durante nossos contatos com empresas e empresários dos mais diversos tipos e matizes, que parece existir uma espécie de “vírus” invadindo o “espaço vital” de um número cada vez maior de organizações de pequeno, médio, grande e mega porte.

Por sugestão de um arguto colaborador resolvemos apelidar o efeito da ação deste “vírus” como “hipermetropia empresarial”.

Em termos totalmente leigos, pelos quais desde já pedimos licença pela abordagem “não científica” do assunto, hipermetropia (para menores de 40 anos) ou presbiopia (para maiores de 40 anos) é um tipo de anomalia que faz com que a pessoa tenha a capacidade para ver objetos claramente à distância mas apresente dificuldades em ver de perto. Miopia, por sua vez, é exatamente o inverso.

A crescente, saudável e inevitável globalização dos mercados, tanto internacionais quanto locais, tem causado o surgimento de um grande número de organizações que passaram a apresentar diferentes graus de “hipermetropia empresarial”. Curiosamente, segundo apuramos, a maior parte delas nem sabia ou tinha consciência desta “deficiência”. Com raríssimas exceções, muitas delas nem mesmo foram capazes de visualizar (sic) os efeitos mais imediatos destas mudanças com a devida clareza e antecedência.

Dentre os principais sintomas que revelam a “hipermetropia” de uma empresa ressaltam-se: constante elaboração de planos e programas somente de longo prazo; estrutura organizacional extremamente rígida e formal; pouco ou nenhum incentivo à criatividade; baixa percepção e lenta reação às alterações no comportamento dos seus concorrentes, distribuidores e consumidores; raro ou quase nulo feedback de decisões e atitudes; pobre atividade de pesquisa e desenvolvimento dirigida às reais necessidades do mercado; nítida orientação das prioridades em direção à produção e não para o que o consumidor deseja e espera; crença absoluta de que o tempo sempre soluciona ou atenua as consequências de decisões errôneas; descrédito total para a indiscutível veracidade da afirmação "mais vale deixar uma demanda adormecida do que lhe causar uma frustração". Evidentemente, o grau de hipermetropia depende da quantidade de sintomas e suas respectivas intensidades.

Empresas hipermétropes não crescem; incham. Pouco ágeis, elas são pesadas, caminham com lentas passadas e são incapazes de enxergar os seus próprios narizes. Suas chances de tropeços são enormes e freqüentes. Muitas, por sua vez, não procuram se ajustar racionalmente aos novos padrões de redução de custos e desperdícios - simplesmente encolhem, encolhem e ... desaparecem !

O novo perfil do mercado, por suas próprias características e pela rapidez com que se altera, tem provocado o aparecimento de muitas dúvidas e indagações que ainda não foram clara e totalmente respondidas. Quanto tempo vai durar esta irregularidade no consumo ? O que vai acontecer quando houver uma sensível melhora de padrão no ritmo aquisitivo ? Teremos uma concorrência ainda mais forte e acirrada ?

Que tipo de "diferencial competitivo" devemos criar? Até quando haverá fidelidade de marca? Em que grau? Que índice de rentabilidade deve ser considerado como aceitável e seguro? Vamos investir? Onde? Quando? Quanto? Por que? Como? No que? Em quem?

Por tudo isso, podemos afirmar que o sucesso e até mesmo a sobrevivência de uma empresa nos dias de hoje dependem fundamentalmente de sua capacidade para aceitar, antes de mais nada, que necessita assumir uma nova e imediata postura frente às também novas regras do jogo econômico. Esta nova postura exige a habilidade para enxergar, mesmo com a ajuda de “lentes corretivas”, seus ambientes externos e internos. Saber interpretar as tendências do mercado atual versus suas próprias reservas de talentos, recursos e tecnologia. Competência para combinar de modo ótimo duas diretrizes atualmente vitais a qualquer negócio: aumento imediato de sua produtividade geral e sua conseqüente rentabilidade e adoção de uma atitude muito mais agressiva e pragmática em suas atividades de marketing e vendas.

Dependendo do grau de hipermetropia, a correção do problema pode exigir uma simples providência ortótica ou até mesmo uma delicada cirurgia. De qualquer modo, a tarefa não é nada fácil. O importante é admitir que algo de concreto deve e precisa ser feito o mais rápido possível.

Mas... o que fazer? É claro que a “cura” não está relacionada à aquisição, pura e simplesmente, de um determinado grau de miopia. Por tudo o que temos assistido junto aos mais diferentes tipos e tamanhos de empresas, chegamos à conclusão de que a solução virtuosa está situada no ponto médio entre os dois opostos de “deficiência visual”. Em todos os bem-sucedidos programas de adaptação que temos participado ultimamente, a velocidade de reação e o imediatismo das primeiras providências têm sido essenciais para o alcance das metas propostas.

Concretamente, a primeira atitude a ser tomada por uma empresa consciente e responsável é realizar uma sincera e objetiva avaliação de sua evolução e desempenho geral, confrontando os resultados desta análise com as reais possibilidades que seu mercado está apresentando. Sem dúvida alguma, podemos visualizar a empresa de sucesso nos dias de hoje como uma "organização inteligente de recursos totalmente orientados para usufruir lucrativamente as reais oportunidades do potencial do seu mercado".

Este novo mercado exige um novo marketing. Um esforço de marketing que utilize, a nível ótimo, todas as ferramentas disponíveis e conquistáveis. As linhas de produtos devem ser reavaliadas em termos de sua real contribuição ao lucro e suas claras possibilidades de mercado. As políticas comerciais envolvendo preços, descontos, bonificações e prazos devem ser revistas e tornadas ágeis. Propaganda, promoções e eventos promocionais devem merecer uma análise cuidadosa quanto à sua utilidade real e sua contribuição para a obtenção de respostas mais positivas por parte dos consumidores. Serviços pré e pós-venda devem, hoje mais do que nunca, ser utilizados para a criação de uma imagem mais favorável perante os clientes, estimulando e aumentando sua fidelização. Pesquisar quantitativa e qualitativamente as tendências do mercado deve ser uma atividade mais freqüente. Motivar e incentivar todo o seu pessoal no cumprimento da missão da empresa, através de constante treinamento e reciclagens, é tarefa primordial para o alcance e manutenção do sucesso. Avaliar as vantagens e desvantagens da terceirização de tudo o que não seja atividade-fim é uma obrigação estratégica.

Vivemos, fi-nal-men-te, a era da competência. Competência para definir nossos objetivos como profissionais e como empresas. Competência para saber utilizar todo o nosso potencial de inteligência, esforço e criatividade para usufruir lucrativas oportunidades de mercado.

Concluindo estas reflexões, gostaríamos de recomendar que as empresas realizassem periodicamente um cuidadoso exame de sua capacidade para enxergar seu negócio, seus mercados e seu desempenho em relação a estes mercados. Afinal, pequenos desvios são sempre muito mais fáceis de corrigir do que as grandes e adiantadas anomalias...

Ou, tomando carona no popular “Prevenir é melhor do que remediar” podemos dizer que “Prevenir é (muito) mais barato que tratar”...

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