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  • Carlos Alberto Borgneth

COMO LUCRAR COM SEU NETWORKING

Sugestões para usar melhor o valioso networking que todos nós possuímos e que, por muitas vezes, não utilizamos lucrativamente.

Este artigo bem que poderia se intitular “Como meu tio Baptista inventou, sem querer, o networking em 1963”. Ele era primo do meu avô paterno. Solteirão convicto, morava em companhia de uma irmã, solteirona como ele, em uma bucólica e pequena vila no bairro de Vila Isabel, ao lado da praça Barão de Drummond, bem pertinho da casa que pertenceu a Noel Rosa, na cidade do Rio de Janeiro.

Eu morava próximo e era frequentador assíduo das peladas que aconteciam, para total desespero dos vizinhos, todas as tardes de sábado na vilazinha. Jogos do tipo “seis contra seis, cinco vira e dez acaba” . Bola? É claro que era de meia, sempre novinha em folha. Depois das refregas, esfolados, suados e exaustos, íamos todos para a casa do tio Baptista e da tia Augusta tomar suco e comer biscoitos. Tempos bons...

Em uma dessas tardes, depois do lanche, comecei a fuçar meio sem destino pelos aposentos da casa e acabei por entrar no quarto que o meu simpático tio chamava de escritório. Lá, perto da janela que dava para a varanda, havia uma mesa cheia de dezenas e dezenas de recortes de jornais. Reparei que os recortes estavam organizadamente colados com goma arábica (a gente a usava com um pequeno pincel) em várias folhas de cartolina. Ao lado de cada recorte havia uma série de nomes e números de telefones. Em cima da mesa havia, também, dois aparelhos telefônicos.

Bastante intrigado e absorto com aquela misteriosa descoberta, não percebi que tio Baptista havia me surpreendido naquela pequena “invasão” e me observava, silencioso, da porta do quarto-escritório. O susto que tomei foi tremendo. Refeito, não resisti à tentação de lhe perguntar o que significavam aqueles inúmeros papelinhos.

Para minha surpresa ele respondeu: “Meu ganha-pão, ora bolas!”

Pacientemente explicou-me que aquilo era seu “pequeno negócio de compra e venda”. Ou seja: ele recortava anúncios de “compra-se” e de “vende-se” publicados nos dois principais jornais que circulavam no estado da Guanabara (era assim que o Rio de Janeiro se chamava antigamente). Os anúncios eram reunidos por tipo de produto ou serviço. Tio Baptista colava os “compra-se” ao lado dos “vende-se” . Telefonava para os “vende-se” perguntando o preço pedido pelo vendedor e fazia o mesmo com os “compra-se” para saber o preço máximo que o comprador estava disposto a pagar. Percebida a “oportunidade”, tio Baptista intermediava a transação!

Simples e prático. O primeiro exemplo real que tive sobre o uso lucrativo de um networking !!!

Antes que você imagine que isso era apenas uma inofensiva esquisitice ou passatempo de um afável senhor bonachão com muito tempo livre para preencher, gostaria que você soubesse que o tio Baptista deixou para seus herdeiros (dentro os quais eu infelizmente nãofui incluído) vários apartamentos e terrenos adquiridos com os lucros do seu “pequeno negócio de compra e venda” .

Esta pequena historinha serve para ilustrar as armadilhas daquilo que alguns chamam de “óbvio ululante”. No caso do Tio Baptista, as dezenas de anunciantes que investiam dinheiro para anunciar a venda de algum bem ou serviço e que não se davam ao trabalho de ler os anúncios daqueles que estavam desejando adquirir justamente aquilo que eles estavam querendo vender... e vice-versa.

Espero, sinceramente, que este fato não esteja se repetindo em tão larga escala quase 50 e poucos anos depois...

A lembrança do tio Baptista e seus recortes me fazem imaginar algumas alternativas potencialmente úteis que poderiam amenizar as condições adversas de várias empresas que lutam para sobreviver em vários segmentos do atual mercado brasileiro. Por exemplo:

# dentre as empresas que oferecem seus produtos e/ou serviços para os mesmos segmentos em que a sua empresa atua, haveria alguma com quem você pudesse estabelecer uma parceria para reduzir custos de venda, entrega ou compras?

# se os seus clientes se tornassem mais eficientes para vender seus próprios produtos sua empresa, com certeza, venderia muito mais para eles. Por que você, em parceria com outros fornecedores destes mesmos clientes, não os treina para que eles vendem mais e melhor? Estes outros fornecedores também precisam vender mais para aqueles clientes. Logo...

# quanto vale, para seu vizinho, a sua agenda de contatos pessoais e profissionais?

Quanto você estaria disposto a pagar pelos relacionamentos dele?

# como a sua equipe explora seu próprio networking? Isto está gerando a quantidade de negócios que estes relacionamentos representam?

# o seu CRM (customer relationship management) é eficiente na geração de leads?

É... como talvez o tio Baptista dissesse hoje: "Seu networking, quando bem administrado, pode ajudar".

Ou não?

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